Obesa? Se um dia fui não me lembro... capítulo 1

Antes
Depois

Diário de uma ex-obesa... ou de uma portadora de obesidade crônica em tratamento!

Hoje, 03/01/15, completo 4 anos de vida nova. E nem parece que já faz tanto tempo.

Eu nunca publiquei minha saga pra emagrecer, mas por hoje ser um dia muito especial eu vou contar uma historinha pra vocês.

Quero deixar claro que não recomendo pra NINGUÉM as loucuras que fiz. Obviamente porque foram loucuras de uma criatura desesperada... o que indico, e que faço hoje pra manter o peso, é reeducação alimentar, prática de atividades físicas regulares, hábitos saudáveis e busca constante por  equilíbrio... isso é que torna uma vida sustentável.

Bem, minha relação com a obesidade começou na adolescência, após os 14 anos. Antes disso eu era uma garota com peso saudável.

Não sei bem o que me fez começar a engordar... não sei se as mudanças de hábito, não sei se foram o excesso de estimulantes de apetite (era muito magra e não gostava de comer quando criança, pode?), não sei se as mudanças hormonais, ou o fato de ter parado de crescer nesta idade... ou devido à crises de ansiedade... sei lá!

Ou ainda devido a outros fatores que não tinha nem noção que poderiam existir, muito menos na minha pessoa, como o hipotireoidismo e a narcolepsia... bom, mas não é a questão do momento. O fato é que dos meus 14 anos para os meus 18 anos de idade eu engordei uns 27 kg. E de 18 anos para os 28 anos mais uns 10 kg... totalizando 37 kg e IMC maior que 38. Era uma criaturinha de 1,54 m e 90 kg. Frequentemente apelidada de tronquinho de amarrar onça! Entre outros apelidos carinhosos!

As pessoas me avisavam que eu estava ganhando peso, mas eu não conseguia enxergar isso... o que eu notava de diferente em mim eram os tamanhos das roupas. De resto, estava tudo normal... acho que fiquei meio míope na época, mas de fato não entendo o porquê de tanta falta de noção. De certa forma foi bom, porque até eu começar a sofrer com a obesidade eu não me sentia obesa.

Bom... eu comecei a perceber o meu tamanho quando já tinha uns 18 anos... primeiro ano de faculdade! Espantosamente o que me abriu os olhos pro meu peso foi o fato de ter que usar roupas normais pra ir pra aula. Era acostumada com a farda do colégio... e agora teria que usar as minhas roupas. Consequentemente as roupas passaram a desgastar mais rápido. E tinha que comprar roupas novas mais rápido... e eram sempre números maiores! Meu ápice foi quando comprei uma peça G numa loja de tamanhos especiais (surtei)!

Obviamente eu tentei de tudo pra emagrecer... Fiz a dieta da sopa (não aquela que "se der sopa eu como"), fiz a dieta zero carboidrato (no terceiro dia estava desmaiando). Fiz a dieta do abacaxi (em uma semana eu tinha mais aftas na boca que dentes), a dieta detox...

ihhhh! Teve a dieta do suco de limão em jejum. Aquele que você tem que ser meio jedi em matemática, porque cresce por dia em PA de n=1 até chegar a 10, depois regride em PA de n=-1. Suco sem água, sem açúcar, somente com o sumo fresco da fruta. No vigésimo dia você não tem mais paladar, nem mais língua, nem mais estômago.

Tomei a maioria dos shakes pra perda de peso que existem no mercado, dos mais caros e conhecidos, pros mais baratos e sem fama.

Dieta dos pontos, dieta de líquidos... dentre outras!

Nutricionistas e academias eu conheço várias... Esteticistas também!

Pra piorar a situação tomei muito medicamento também... Desobesi, Sibutramina, Xenical, Lipbloc, quitosana... Teve uma bomba manipulada que tinha de tudo, desde ansiolítico a inibidor de apetite e diutérico. Tomei chá de todas as cores... e com 20 milhões de ervas diferentes! Cada um fez efeito no início (numa delas perdi mais de 14 kg em dois meses), mas depois eu engordava tudo de novo e mais um pouco.

Efeito sanfona não me definia mais. Eu era a própria sanfona...

Inventava de comer em pratos menores, dormia sem comer... várias e várias e várias estratégias sem sucesso.

Uma das experiências mais deprimentes, e que até pouco tempo não tinha compartilhado com ninguém,  foi quando eu descobri, por meio de uma matéria na tv, que existia um grupo que se reunia pra discutir suas experiências e trocar idéias. O nome do grupo era, literalmente, Obesos Anônimos. Se reuniam na capelania de uma igreja católica conhecida em Fortaleza, nas tardes de quarta-feira, acho.

Nunca gostei de perder oportunidade. Poderia ser esta a minha salvação! E olha que era uma grande quebra de paradgma pra mim... pois criada em lar evangélico tradicional, eu somente tinha entrado em igrejas católicas para prestigiar alguns casamentos. Tinha medo que alguém me visse entrando lá e me caboetasse... iria ficar de castigo? Hoje tenho certeza que não. Mas era melhor ser discreta!

Eu saí de casa de mansinho, sem avisar pra ninguém, e fui conhecer o grupo... foi a experiência mais incontestavelmente esquisita que tive sobre compartilhar experiências sobre obesidade. Não por causa do local, até porque não se discutiu absolutamente nada em termos de fé... mas porque me senti num AA, ou NA...

Imagina a cena... éramos uns 20, sentados em círculo, num pátio aberto. Tinha um líder que direcionava a dsicussão. Ele pediu que cada um se apresentasse, dizendo o nome, a idade, o peso, se declarasse obeso em tratamento e comentasse o que tinha acontecido na semana...

Alguém levanta a mão e começa: "Oi, meu nome é Antônia, tenho 35 anos, 98 kg. Obesa em tratamento e só por hoje não vou comer um brigadeiro"... Ao que todos respondiam: "Oi, Antônia!". Ela continuava o seu discurso: "Esta semana eu caí em tentação. Foi o aniversário da minha amiga e tinha uns docinhos lindos. Eu pensei que não fizesse mal comer só um"... neste momento ela começa a chorar, e eu também!

Depois dela cada um falou um pouco, até chegar a minha vez. Falei qualquer coisa que inventei na hora... e fui embora pra nunca mais voltar! Saí de lá mais deprimida que entrei. O depoimento daquelas pessoas mexeu comigo, pois foi quando percebi o quanto eu era igual a eles. O quanto vivia lutando sem muito sucesso pra conseguir vencer a balança, e além disso, o quanto me sabotava o tempo todo...

Algumas vezes, ao lembrar dessas experiências, começo a rir sozinha... ou conto pra alguém poder rir comigo.

Foram momentos tristes, mas foram momentos de grande aprendizado... e de histórias ridículas, hilárias! Eu me aproveito delas sempre que posso.

Acho que ser gordinha me ensinou a ser feliz. Você já viu um gordinho que não fosse legal? Ou que não fosse divertido? Pense bem!

A história não termina por aqui... ainda teremos outros capítulos! Até porque nem comecei a contar como consegui perder peso! Agurde! Grandes micos virão!

To be continued...

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