Bike sem freio, garota sem juízo

Diário de uma cearense que já caiu muito...

Até posso dizer que sou dura na queda... as marcas que carrego comigo demonstram isso.

Tive vários episódios de acidentes com bicicleta, desde a minha infância. No entanto as duas piores situações aconteceram na vida adulta.

No episódio de hoje vou contar uma delas. Espero que você ria bastante. Agora, lembre-se, aconteceu de verdade!

Eu estava fazendo um trabalho de campo. Tinha que fazer umas visitas entre o Antônio Bezerra, o Quintino Cunha e Jardim Iracema. Os bairros são adjacentes, mas era um percurso de 5 km. Eram 14h de um dia de sol escaldante (em Fortaleza não é novidade)...

Quando cheguei na primeira visita, após fazer toda a pesquisa necessária, pedi ao senhor que me atendeu que me emprestasse uma bicicleta.

Ele ia me acompanhar até o próximo cliente e tinha perguntado se eu queria uma  carona na bicicleta dele. Eu retruquei e solicitei uma outra bicicleta pra que eu mesma guiasse. Embora já tivesse pegado carona de bike aquele não era bem o dia adequado pra isso.

Agora vamos explicar como era a situação: Bicicleta: grande, com a sela alta (não houve tempo pra ajustar). De ferro, modelo masculino, sem marcha... sem freio!
Eu: baby look (daquelas que quando você senta ela sobe), calca saint-tropez (daquelas qie quando você senta desce), sandália plataforma, bolsa tiracolo pesada. E uns quilos de sobrepeso.

Começamos nossa viagem. Pegamos a Av Cel. Carvalho e dobramos na Av. Independência.

Enquanto isso eu me alternava na dança "pedala-sobe-calça-desce-blusa-puxa-bolsa"... sincronizada e estrategicamente sequenciada.

Pegamos uma rua transversal em que o asfalto era coisa linda de se ver... bem novim! Tinha acabado de ser feito. Mas o que a rua tinha de nova tinha de íngreme.

E eu na minha dança, na descida da rua nova...

Me dei conta de que era necessário incrementar um passo que ficou fora do planejamento.  O freio!

Todo mundo sabe que bicicleta sem freio se freia com o pé, né? Foi o que eu fiz. Só que um detalhezinho de nada encerrou o meu roteiro do dia.

Freiar com o pé não é uma boa ideia. Principalmente quando se está de sandália plataforma. E pior ainda se a sandália está meio frouxa e ela inventa de entrar no aro do pneu da magrela.

Sabe o que pode acontecer se você fizer o que eu fiz? Você pode cair igual a uma jaca, quicando no asfalto novo.

Eu bati a cabeça, o ombro, o joelho... e o rosto ardia pra caramba. Era eu e o meu amigo chão numa conversa cheia de atrito.

O senhor que me acompanhava correu em meu auxílio. Me levantou do chão, me ajudou a me recompor e perguntou o que eu estava sentindo. Para não deixar o pobre homem ainda mais preocupado digo pra ele que está tudo bem...

E realmente estava... acho que pela adrenalina não estava sentindo a dor que o meu estado físico parecia demonstrar. Pra mim eram apenasleves escoriações... nada demais. Até que... o homem fala uma frase que mudou a minha percepção. Ele diz: "Não se preocupe, você ainda está linda!"

Foi nessa hora que meu mundo caiu. Por que ele está dizendo isso? O que aconteceu? Será que estou deformada? Será que quebrei o nariz? O que será que me aconteceu?

Procuro o primeiro sinal de espelho pra tentar ver a situação... a coisa estava feia mesmo. Meu rosto era só a carne viva... metade do meu rosto tinha ficadono chão. Metade do asfalto ficou no meu rosto. E ao saber disso comecei a sentir a dor da queda.

Passei um bom tempo pra me recuperar. E uns dois anos pra voltar a pedalar... e, depois dessa, ainda tenho outras quedas pra contar!

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