Distância, saudade, ansiedade e agustia

Eu queria muito
Pedir a benção à minha vó e poder beijar-lhe a mão.
Abraçar meu pai, minha boadrasta
E dividir com eles um lanche que de tão rico em amor me faz deixar de contar as calorias.

Eu queria muito
Deitar no colo da minha mãe
E ouvi-la cantar as suas verdades, em doces melodias que exalam esperança...

Eu queria muito
Ver os meus irmãos, meus sobrinhos...
queria abraçar, beijar, mimar...
que saudade que dá!
Até de arengar com um cascudo implicante, um beliscado irritante!

Esses dias me fazem lembrar
Do quanto é bom estar
E que saudade que dá...
Das conversas na varanda
Do cantarolar despretensioso e descompromissado
Dos jantares improvisados
Das risadas gostosas
Das histórias nossas
Compartilhadas na sala de estar

Como eu queria agora
Ver minha filha brincar com os primos
Com os amigos
Levar minha pequena pra aproveitar um por do sol na praia
E vê-la se encantar com a novidade do mundo

Que vontade louca
De ver meus amigos
De sentir os cheiros
De fazer cafuné
De sentir o aconchego de um abraço

Que dor ver
Quanta gente se doando
Quantas pessoas se sacrificando
Pessoas que não estão com o privilégio de descansar
Porque tem muita gente pra cuidar

Que raiva saber
Que tem gente incoerente
De alma sebosa
E coração doente
Que não sente que precisa
Abrir mão de um pouco do seu ego
Apenas pra que outro alguma oportunidade possa ter.

Que tristeza de ver
Que não importa pra uns e outros
Se alguém vai morrer
E que mais gente pode perecer
De falta de saúde
De falta de comida
De falta de esperança
Quando a eles sobram dinheiro, conforto e acesso.

A despeito do sacrifício que você está fazendo
Ou da responsabilidade que você está ignorando
Já perdemos muitas batalhas
Já perdemos muitas pessoas
Já perdemos a confiança
Já perdemos...

Quando tudo isso passar
...E se conseguimos escapar
Do que você vai se orgulhar?
Que lição vai ensinar?
Que tipo de humanidade sobreviverá?

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